Só depende de nós

Ao findar mais um período de euforia do nosso povo gerado pela copa do mundo de futebol, com um resultado avesso ao esperado, de certa forma decepcionante, almejamos que os objetivos desse país sejam refletidos e que se possa observar que a história de um povo não se edifica com festas, futebol, gastos excessivos sem planejamentos e feriados. O estudo, o compromisso com o trabalho, o respeito pelo próximo, os cuidados para com a saúde de seu povo, sim, fazem o alicerce para uma nação progredir e formatar sua história.

Mas que nada, já estamos a entrar em outro período de euforia: uma campanha eleitoral para escolher o dirigente maior da nação, governadores, senadores e deputados. Eventos e eventos acontecem com espaço de tempo ínfimo entre eles sem nos permitir sequer tempo para uma análise entre nós para escolhermos aquele candidato que reúna melhores condições para ocupar o cargo a que se propõe. Qual é a dívida real interna e externa de nossa nação?. Quais as intenções dos candidatos e será que serão postas em prática ou apenas promessas eleitoreiras?. Mas que tolice essa minha, não devemos nos preocupar com tais indagações, pois somos um povo pacato que aceitamos qualquer oferta, que escutamos, mas não gravamos, de cuja história só é contada de acordo com o agrado e de poucas verdades, mas de muita enxertia.

Continuo a não entender muitas das manias do ser humano. Um artista após cantar, dançar ou representar é enaltecido pelos meios sociais (não estou tirando os méritos), um prédio ao ser edificado e entregue à sociedade é festejado, os latrocínios e a violência são manchetes do dia a dia, as falcatruas descobertas são citadas, mas a depender do executor podem ser esquecidas. E os médicos, bom esses trabalham de forma ininterrupta, salvam vidas, são aplaudidos no momento de um êxito, por alguns e esquecidos por todos.

Interessante, o valor da vida e da saúde é sempre deixado de lado e só quando em risco, são lembrados. Isso é normal quando a cultura de um povo não é instigada a evoluir, quando vemos que ser jogador de futebol ou ser um analfabeto é o suficiente para se ter fama, riqueza, ser reconhecido e não esquecido. Há algumas semanas tomei a iniciativa de perguntar a alguns jovens colegas quem foi fulano, sicrano, beltrano dentro do cenário médico e para minha tristeza pude observar que os homens que fizeram história na medicina não são mais lembrados. Somos um povo sem história para contar e quando contada se faz apenas em ambientes fechados, em sociedades sem atuação e mortas, sem a menor finalidade salvo para engrandecer o ego de cada um dos membros.

Como estamos desorganizados em todos os aspectos! Mas essa organização que ora sinto saudade, existia a bem pouco tempo. A quem cabe a culpa dessa falência cultural organizacional? Para os que precisam de uma oportunidade, para aqueles com bagagem cultural suficiente, mas sem influência, os obstáculos ainda são muitos. E um fato bem característico nosso: poucos aceitam começar aprendendo com os capacitados e experientes, pois a grande maioria acha que o diploma que carregam, os títulos recém adquiridos os fazem ser os maiorais, os stars, mas se esquecem de se olhar no espelho e perceberem que não passam de meros principiantes e bobos.

O sucesso é mais facilmente conseguido quando temos a capacidade de unir o ontem, com a experiência e a atualização em prol do paciente. Torçam para a vida ser longa pois com ela temos muito a aprender e essa grande universidade embora gratuita é de difícil aprovação. Somos todos iguais apenas uns com mais condições do que outros embora com o mesmo final. É uma lástima observar que a humildade, o respeito, a gratidão e a honestidade passaram a ser pouco praticadas, mas precisamos lembrar que esses predicados são os responsáveis pela grande diferença entre nós humanos.

Dr. Hipólito Monte

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